SÃO TEMPOS SOMBRIOS, NÃO HÁ COMO NEGAR
CRÔNICA
“São tempos sombrios, não há como negar. Nosso mundo jamais enfrentou ameaça maior que a que enfrenta hoje. Mas agora digo aos nossos cidadãos: Nós, sempre os teus cervos, continuaremos a defender sua liberdade a repelir as forças do mal! O Ministério continua forte!” — Rufo Scrimgeour, Harry Potter e as Relíquias da Morte.
Há quem diga que a frase acima tenha sido dita por qualquer pessoa contrária ao governo brasileiro atual. Mas não! Ela foi dita por um personagem da saga literária Harry Potter, o ministro da Magia Rufus Scrimgeour. Na ocasião, ele era questionado sobre uma série de fatos ocorridos que indicavam a volta de Voldemort, um bruxo muito poderoso, faz um discurso à imprensa, com um semblante tenso, como se negasse a realidade, no qual diz que não obstante aos tempos sombrios vividos, o Ministério continuava forte. Logo após esse ocorrido, Voldemort e sua legião de seguidores, conhecidos como Comensais da Morte, torturaram e assassinaram Scrimgeour. O bruxo e aqueles que pensavam como ele estavam dispostos a eliminar quem se opusesse a suas ideias, sem se importar com a comunidade bruxa.
Vivemos tempos sombrios. O personagem da nossa história atual é aquele que se diz ter poder sobre tudo, aquele que não aceita ser discordado, aquele que reúne seus seguidores na tentativa de minimizar a ameaça maior que vimos enfrentando, a ameaça de um vírus que já ceifou mais de 37 mil vidas. Não há discrepância entre muitos pensamentos de Bolsonaro e Voldemort, a diferença é que ele era inteligente e sabia o que estava fazendo, Bolsonaro não.
Mortes, dor, sofrimento e angústia tomaram conta das nossas vidas nos últimos três meses. A gente acessa os meios de comunicação e só consegue ter notícias sobre isso, já virou rotina do brasileiro. Isso lembra um trecho da saga em que Harry e seus amigos estão fugindo de Voldemort e todo dia ao entardecer eles ligavam o rádio para saberem as pessoas que foram assassinadas pelo vilão e seus apoiadores, tudo isso na esperança de não ouvir o nome de nenhum de seus entes queridos. Hoje, a gente não pode saber mais quantas pessoas morreram pelo Covid-19, o presidente não quer.
Estamos sendo privados da informação. A imprensa sofre ataques constantemente por se opor a “você sabe quem”. Estamos sem um ministro da Saúde, “o ministério caiu”.
A marca negra está sobre o Palácio do Planalto e os dias de estupendo clarão ficam cada vez mais distantes. Oremos para que apareça uma Minerva McGonagall e nos ajude a vencer essa batalha e triunfar sobre os dias tempestuosos. Que tudo volte ao normal outra vez e a vida siga o seu ciclo.